Os caboclos são entidades que se manifestam na umbanda e em alguns candomblés, que representam as origens indígenas do povo brasileiro. Isso a maioria dos adeptos de ambas as religiões sabem. O que talvez não saibam é que a forma de apresentação destes caboclos, sua dança, gestual, ob

No candomblé de caboclo, muitas vezes, estes caboclos aparecem com caracterizações próprias e um modo mais solto de lidar com o público e pessoas da casa. Muitos médiuns ventem-se de acordo com o desejo manifestado pela entidade.
Caboclo de pena (indígenas), com as penas que o caboclo pedir.
Caboclo de couro (boiadeiros e representantes do lado sertanejo, caboclo propriamente dito) com chapéus de couro e outros acessórios que marquem a sua identidade sertaneja.
A diferença é marcada também na dança e no gestual....
Em casas de umbanda não é habitual caracterizar estas entidades com vestimentas próprias, ficando a sua identidade demarcada apenas pela sua dança e gestual.
A forma de trabalho também varia, até onde pude entender. Na umbanda que conheço, caboclos ditos "boiadeiros" tem seu lugar reservado a trabalhos de descarga, eliminação de energias negativas, tanto do médiun que trabalha com ele quanto daqueles que procuram o auxilio dessas entidades. Os caboclos "de pena" tem atribuições mais variadas como, trabalhos de cura com ervas e cantos, magnetização e equilíbrio psíquico, conselheiros, além dos trabalhos de descarga.
No candomblé de caboclo, a diferença entre estes tipos de trabalhos se torna menor, e podemos encontrar caboclos de couro manipulando ervas entre outras coisas...
Segue abaixo um vídeo que mostra um pouco da figura do caboclo nos candomblés de caboclo:
Caboclos de um Brasil Caboclo

O documentário mostra um pouco do que é a figura do caboclo no candomblé de nação Angola e sua forma de trabalho.
Achar um vídeo sobre caboclos e sua manifestação na umbanda e forma de atuar na umbanda que dê conta da diferença que pretendo pontuar aqui é mais difícil. A maioria dos documentários e vídeos instrutivos voltam-se mais ao candomblé como expressão de cultura brasileira, esquecendo algumas outras tantas manifestações religiosas.
Muitas vezes noto uma preferência antropológica à religiosidades que mostrem de forma mais "simbólica" a "cultura" do povo brasileiro mestiço, mantendo um distanciamento etnológico entre o que é "Brasil" e "derivado dos povos africanos". Uma abordagem muitas vezes etnocêntrica que põe o brasileiro "de fora" da sua própria nacionalidade.
Há uma crítica aqui? Sim, há. Esta crítica tem um duplo direcionamento: o primeiro direcionamento volta-se sobre o olhar academicista diante da cultura e expressão religiosa como objeto, que torna as formas de abordagens antropológicas muitas vezes vaga, quando não exaltam apenas o aspecto "pitoresco" dando um ar de "primitivismo" a estas expressões que, antes de serem culturais, são religiosas e, como tais, possuem uma unidade doadora de sentido e de realidade. Esta unidade doadora de sentido, não é mais africana, nem católica, nem kardecista, nem tampouco "afro-brasileira" - que dá um sentido de segunda África - mas eminentemente brasileira. Elas expressam um modo de viver e de pensar que é própria da nossa nação, que não é africana, não é indígena e nem européia.
A segunda crítica vai para os adeptos da umbanda e até do candomblé que, muitas vezes iludidos pela falta de um corpo doutrinário escrito de nossa religiosidade, se voltam aos estudos antropológicos e tentam reproduzí-los em suas concepções pessoais da religião.
O importante destacar nesta postagem é que por caboclos, entendende-se bem mais que índios, ou entidades que representam antepassados indígenas. Ao contrário é na figura do caboclo que se destaca de forma mais veemente a identidade brasileira, do mestiço.
As diferenciações vistas nos terreiros de umbanda, não "simbolizam" a diferença de sua origem, mas sim a diferença de formas de trabalho e funções exercidas em nossa religião.
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