16 de ago. de 2009

Mitologia 1

Se a umbanda tem alguma teologia, ela mistura elementos africanos, católicos, indígenas, sem contar outros tantos elementos já mestiços. A questão sobre "onde" procurar um entendimento da nossa religião acaba obrigatoriamente passando pelo MITO, e muitas vezes fica restrito à mitologia africana.

Há que se saber que o mito é, antes de tudo, um estilo narrativo que visa passar de forma simples para as pessoas, preceitos, valores morais e explicações sobre como as coisas são. O Mágico é a característica principal deste estilo narrativo.

Quando estudamos mito em filosofia, nos voltamos principalmente para o mito como alegoria que esconde em seu interior algum tipo de "verdade" que pode ser digna de estudo. Mitos pretendem antes de tudo dar uma explicação da realidade e, seu caráter Mágico, representa o que pode estar oculto e velado nesta realidade. Não é o objetivo aqui, traçar de forma acadêmica os caminhos do Mito, mas podemos exemplificar algumas coisas recorrentes em mitologias (grega, africana, indígena) e que representam princípios universais que regem todas as coisas.

A lua (noite) é frequentemente relacionada ao princípio feminino, bem como o sol (o dia) relacionado ao princípio masculino.
A terra também é relacionada ao princípio feminino, O céu o princípio masculino.
Comum na estrutura mítica de quase todos os povos é a figura do oráculo, daquele que conta a história: na grécia as musas, na áfrica o babalaô, nas tribos indígenas o pajé, o ancião.

É comum nas estruturas míticas que da união do céu e da terra sejam geradas todas as demais coisas existentes. Se formos estudar a teogonia propriamente dita, veremos que há sempre 2 movimentos na geração das coisas, 1o. a cisão; 2o. união.... Assim vemos na Grécia Caos se cindir em érebos (noite) e éter (dia); O céu e a terra. Na África, vemos Olorum criar Obatalá (compreendido também como Oxalá, o céu) e Oduduá (a terra). Nos mitos indígenas encontramos Guaraci (o sol) e Jaci (a lua). Da união destes dois princípios surgiram todos os seres.

De forma mais próximas as mitologias indígenas e grega ainda reservam uma divindade para o impulso da união: Eros na grécia e Rudá para os Tupis. Já na mitologia africana a divindade que podemos relacionar é Exu (o orixá exu) que rege também os impulsos sexuais, mas é antes de tudo o princípio dinâmico que tudo move e transforma.

Nosso objetivo não é fazer uma analogia perfeita, mas sim, traçar elementos comuns. Se os mitos gregos podem ser estudados como representações arcaicas de uma concepção filosófica, porque não poderíamos fazer o mesmo com os mitos Africanos e Indígenas? Se eles tem elementos estruturais comuns, que na realidade são estruturas da própria narrativa mítica, porque não tentar estudá-los de forma mais detida?

As mitologias indígenas, africanas (e não a grega) podem ser grandes auxiliares na compreensão dos princípios da religião e de certas relações que aparecem no cotidiano dos terreiros. Principalmente quando estas relações remetem a peculiaridades das entidades que na umbanda se manifestam. Nossas entidades são, antes de tudo, mestiças em suas idéias e bagagens. Podemos ter um preto-velho que trabalhe elementos caboclos, ou um caboclo que trabalhe elementos mais africanos, ou ainda, caboclos e pretos-velhos que tragam bagagens de outras origens que não as africanas e indígenas apenas.

Exemplo de cosmogonia Africana:



Exemplo de Cosmogonia indígena:

Lendas de Dia e Noite




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