12 de ago. de 2009

The Begining....

Resgatar memórias e reconstruir fragmentos é fundamental para a continuidade... Uma pessoa que se perde no tempo dificilmente saberá para onde anda. É necessário caminhar, mas caminhar conscientes de que ao mesmo tempo que não somos mais os mesmos, somos a soma de tudo o que se foi.

Já fomos indígenas, africanos, europeus e hoje somos apenas brasileiros. Uma mescla de todos os antepassados que ao mesmo tempo já não é mais nenhum deles, mas algo novo reconstituido do velho. É o baú velho que renova o novo, o novo quem reconstrói o velho.

Neste baú serão não apenas resgatados mas reconstruídas várias histórias, sem preocupação com tempo e espaço que, desde Einstein, são relativos... hehehe O importante é mapear uma memória coletiva, rastrear o subconsciente esquecido e rico que forma cada um de nós. Em termos mais intelectualizados, poderia dizer que traça-se aqui uma antropologia hermenêutica, uma história da mitologia, uma filosofia.

A religiosidade aparecerá aqui como pano de fundo, mas não é o central. Não louvaremos mistérios de fé, porque na realidade não há mistérios. O que existe é falta de compreensão e tempo de resgatar a história e filosofia que se mesclaram constituindo em um novo balaio uma expressão chamada Umbanda, cujos seguidores tem dificuldade em definir. Umbanda está para além de uma expressão religiosa, mas é a expressão do que somos hoje, mestiços, mesclados, misturados.... muitas vezes confusos e indefinidos. Categorizamos de forma geral o negro e o branco e o índio, em um país onde já não há mais "etnias puras". Mesmo àquelas que permanecem próximas a sua constituição original, já se mesclaram com os apelos seculares de uma inserção social e globalização.

A umbanda, como expressão cultural religiosa brasileira, esconde dos olhos de seus seguidores sob o apelo do "mistério", da "mironga" o que talvez possa ser considerado uma expressão filosófica própria do Brasil. Não há nenhuma expressão popular que não caiba dentro da rede da umbanda. Uma filosofia onde Orixás, Santos, figuras folclóricas brasileiras, danças, cântigos, ervas, simpatias constituem uma rede de significação próprias que excedem os aspectos "simbólicos", aclamados pelos antropólogos, bem como excedem uma "teologia", que, ainda é vista com olhares das antigas teologias africanas e católicas.

Estão certos quando dizem que todas estas coisas constituem a umbanda. Porém, errados quando tentam tornar a umbanda uma derivação, um rito de segunda ordem, destas primeiras teologias e cosmogonias.

Como toda filosofia e todo sistema filosófico que já existiu na história da humanidade, a Umbanda leu, absorveu, se apropriou e redefiniu essas teologias. Transformou-as em uma filosofia própria e que mesmo inconscientemente, constitui uma idendidade, um modo de ser próprio do brasileiro.

Este é o pensamento inicial deste blog que virá coletar dados e reflexões sobre o tema. A umbanda como modo de expressão de uma filosofia própria ao brasileiro.

That's it!

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