Decidi, com o fim de tornar o Blog mais interessante, fazer uma parte de cinema, com filmes que abordem temas próximos a umbanda. Escolhi, para estreia desta parte, o filme O Jardim das Folhas Sagradas.
O filme conta a história de um homem que abre um terreiro de candomblé e, contra corrente dos Axés, o faz sem matança de animais. Durante todo o filme vê-se um grande apelo à questão ambiental e uma divulgação da forma como o a natureza é tratada, por meio do culto às folhas. Mas não apenas isso encontramos no enredo do filme.
Aborda, também, como tema para debate, a mistura entre culturalismo e religião. Acredito que este tema é atual dado o número de estudos antropológicos em terreiros com a finalidade de resgate de uma identidade cultural. Há momentos no filme em que percebemos claramente a mistura e, para bom entendedor, ela não é positiva. É palco de vaidade e, por vezes, transforma o que deveria ser um templo, em "espaço cultural", aberto demais ao público..
Além do recado que o filme dá em relação à possibilidade de um culto de candomblé sem matanças (que prefiro não comentar por não ser entendedora do assunto), existe o recado referente ao cuidado que devemos ter ao tentar buscar "cultura" dentro dos ritos. Não misturar os campos. Não tratar a religião como um evento cultural. Ao final percebemos que o principal da religião não é vista, acontece longe dos olhos do público e dos curiosos. Que "o que é do santo" não deve ser tratado com a leviandade e a materialidade com o qual costumamos tratar as coisas. É algo que vai ao encontro com o que aprendi na minha trajetória, não são grandes festas e eventos que tornam um terreiro um "chão bom de se pisar". Ao contrário, as melhores coisas se faz em silêncio e longe dos olhos curiosos... é algo que cai bem para o candomblé e para a umbanda, também.
Acho o filme bonito e vale à pena assistir.
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